9 de abr. de 2012

Uma vez no jogo, lute para ser você, o grande vencedor!

O cineasta espanhol Marcelo Piñeyro lançou, certa vez, um filme com o título “O que você faria?” que, com certeza, serviu de inspiração para muitos executivos modernos. A trama do filme se passa em uma sala fechada, com apenas sete pessoas, com o mesmo nível intelectual e profissional que a outra, disputando uma única vaga de emprego numa grande companhia. O contato que tinham com o RH era através de computador que, de vez em quando, lhes transmitia uma mensagem sobre as regras do jogo. Elas achavam que alguém de carne e osso iria lhes entrevistar. Ao contrário disso, ficaram sozinhas para planejar e tomar as suas próprias decisões. Das sete pessoas na sala apenas uma não estava ali por causa do emprego. Um psicólogo da empresa foi infiltrado no grupo com o objetivo de provocar todo tipo de situação. Só que elas não sabiam disso. Poderia ser qualquer uma da sala. O psicólogo espião tinha como meta avaliar os candidatos quanto à confiabilidade, companheirismo e honestidade. Principalmente diante de situações de conflito e embaraçosas. Aquele que não desse a resposta certa seria eliminado do jogo e da sala. Diversos assuntos foram abordados por eles. Desde a vida pessoal a vida profissional. Não demorou muito para que a desavença entre eles começasse aparecer. Para se manterem no jogo e na sala foram capazes de mentir, roubar e até de se prostituírem. Para eles, qualquer sacrifício era válido para se chegar ao topo, não importando, pois, os meios e nem os caminhos pelos quais teriam que percorrer para conseguirem os objetivos.
Da ficção representada por Marcelo Piñeyro para a realidade atual, diria que as duas se complementam, tendo em vista o senso comum e a idéia que as pessoas têm de si mesmo.  Aonde o prazer e a realização profissional vêm sempre em primeiro lugar.
As empresas, de modo geral, são capazes de tudo para recrutarem os melhores profissionais do mercado. Seja para realizar as tarefas mais simples, de um departamento, seja para ocupar um cargo executivo. Para isso, recorrem com freqüência a anúncios de jornais e a meios nem sempre ortodoxos. Tudo isso para aumentarem a competitividade entre si em um mundo cada vez mais globalizado e conectado. Na guerra dos negócios vence o que for mais forte, astuto e competitivo. Elas sabem que, para sobreviverem, além de bons produtos e serviços, precisam de pessoas qualificadas, proativas, com visão empreendedora e que lhes proporcionem grandes lucros.
Até pouco tempo atrás o diploma de nível superior não era exigido pela maioria das empresas brasileiras para cargos de chefia. Com a abertura do mercado internacional, o que era exceção, passou a ser uma regra. Os executivos daqui, para competirem de igual para igual com os executivos estrangeiros, tiveram que se adaptar aos novos tempos. Entenderam que além da graduação e mestrado, precisavam concluir um curso de doutorado e dominar, pelo menos, dois ou três idiomas, além do português. É uma questão de sobrevivência. Neste mundo cão não existe meio termo. Ou a pessoa se qualifica para o mercado de trabalho ou é deixada para trás.
Agências de emprego especializadas no recrutamento e seleção de executivos em todo o mundo sabem que tempo é dinheiro e, quanto mais rápido encontrar a pessoa certa para os seus clientes, melhor. O método utilizado por essas empresas está focado, geralmente, no fator psicológico, emocional e criativo de cada um dos candidatos. Elas querem saber, por exemplo, até que ponto a pessoa tem espírito de liderança e é capaz de tomar decisões difíceis, em momentos adversos, sem colocar em risco a própria imagem e a imagem da empresa para a qual pretende trabalhar.
O processo de avaliação dos candidatos varia, muitas das vezes, de agência para agência, mas todas têm o mesmo objetivo, que é o de escolher o profissional ideal. As entrevistas de emprego podem acontecer individualmente ou em grupo, dependendo da situação. Se a entrevista for individual o entrevistado precisa ser o mais honesto possível a cerca das informações prestadas. Quando a entrevista ocorre em grupo, mais atenção ainda. Especialistas em recursos humanos costumam aplicar testes de QI para serem solucionados coletivamente. Os candidatos não sabem, mas enquanto desenvolvem tais atividades, são avaliados discretamente por psicólogos graças aos recursos tecnológicos. Esse método de avaliação consiste em analisar os candidatos à distância em todos os aspectos. Desde o comportamento individual, em relação aos outros colegas de sala, à maneira que cada um apresenta as suas ideias, questiona e toma decisões. Eles estão de olho naquele que poderá vir a ser o líder natural do grupo e que consiga se sobressair em relação aos demais pela criatividade, competência e dedicação. A convivência entre ambos nem sempre é pacífica. São como cães e gatos que brigam entre si para conquistar o próprio espaço. Neste caso, o que você faria? Aceitaria participar do jogo, para vencer os seus adversários, ou desistiria dele, logo de início?
Da mesma forma que as empresas brigam entre si para terem os melhores executivos do mundo, os executivos, por sua vez, cada vez mais jovens, também brigam entre si para chegarem ao topo, de olho, claro, nos melhores salários e status. É uma briga de foice, onde a ética e a moral nem sempre prevalece. As questões familiares, por exemplo, quase sempre estão em segundo plano, já que têm aqueles que preferem a carreira a se casar e terem filhos.
O papel desempenhado pelos personagens do filme de Marcelo Piñeyro se aplica a qualquer candidato a emprego atualmente. Mas é importante lembrar que tudo na vida existem exceções e liberdade de escolha. Ninguém está obrigado a fazer algo que não queira só para satisfazer os caprichos de outra pessoa. E que teoria e prática qualifica o profissional para o mercado de trabalho. Uma vez no jogo, lute para ser você, o grande vencedor! 
Ivonildo Di Lira
Presidente do Imperial Clube do Brasil  - ICB  

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