17 de set. de 2013

Al-Qaeda, a cadelinha de sorte!

A todo o momento se ouve falar de pessoas que praticam crimes contra mendigos por pura diversão. Foi assim na madrugada de 20 de abril de 1997, quando cinco jovens de classe média-alta de Brasília atearam fogo no índio Galdino Jesus dos Santos enquanto este dormia numa parada de ônibus na Asa Sul. Galdino morreu horas depois em consequência das queimaduras. O crime causou protestos em todo o país. Se jovens rebeldes sem causa são capazes de cometer esse tipo de barbaridade com outros humanos, o que dizer, então, do que eles não são capazes de fazer com os animais?

Ato de crueldade praticado por pessoas insanas contra animais indefesos também parece não ter fim. Dias atrás, quando voltava da faculdade, presenciei mais um desses acidentes idiota causado por alguém sem noção. Só que desta vez o acidentado não era outro ser humano, mas uma cadelinha que tentava atravessar a pista em frente à ponte das Garças, no Lago Sul. O atropelador que, provavelmente, estava alcoolizado, evadiu-se do local sem prestar socorro, como se a vida que deixou para trás não valesse de nada.

A cadelinha, que atente pelo nome de Al-Qaeda e que não tem nada a ver com o terrorismo, pertence a um lavador de carro e apesar de estar bastante machucada, não teve como ser medicada naquele momento por um veterinário por causa do horário. Mas ela foi valente e resistiu como ninguém até o dia seguinte quando, finalmente, foi atendida por uma veterinária de bom coração, dona de um pet shop do Lago Sul. Ela sobreviveu ao tratamento e se recupera, atualmente, na companhia do seu dono.

Al-Qaeda, a cadelinha, tirou a sorte grande quando venceu á própria morte e, também, quando encontrou em seu caminho um ser humano interessado em salvar vidas, mesmo sendo a vida de um cão vira lata como ela.

Muitas vezes não nos damos conta das coisas que acontecem em nossa volta e dos pequenos gestos que podem mudar para sempre a vida de alguém. O mesmo pode-se dizer da amizade de um cão com o seu dono. Amizade verdadeira e amor sincero que nós, os seres racionais, deveríamos tomar como exemplo.

Todos nós, de alguma forma, também podemos tirar a sorte grande quando nos deparamos com pessoas evoluídas do ponto de vista espiritual e quando temos a capacidade de mudar a maneira de agir e de ser. Podemos, no entanto, nos tornarmos pessoas tão evoluídas quanto foram no passado os grandes mestres.

Se os jovens que mataram o índio Galdino Jesus dos Santos tivessem no coração pelo menos uma pequena fração de amor da cadelinha Al-Qaeda, o crime, muito provavelmente, não teria acontecido e o índio Galdino estaria vivo até hoje ao lado da sua família. Apesar das inúmeras maldades praticadas pela raça humana contra si mesma e contra as outras espécies, ainda assim, sou capaz de acreditar que o amanhã poderá ser melhor, a partir da mudança de hábitos da própria humanidade.

Ivonildo Di Lira