8 de jan. de 2011

Lira concede entrevista à Folha de São Sebastião


FOLHA – 7.204 votos... Muitos davam como certo que, com este cacife eleitoral, seu nome já estava definido como administrador de São Sebastião. O que na realidade não aconteceu. Ou melhor, em sua opinião, o que aconteceu?
                            
LIRA – Eu fui a pessoa que no passado lutou pela criação da Administração Regional de São Sebastião – RA/XIV e, administrar a cidade, sempre foi o meu sonho. Sonho esse que nunca pude realizar pelo simples fato de não existir no Distrito Federal eleição direta para administradores regionais. Como as nomeações desses administradores ficam por conta do governador, dificilmente um líder comunitário como eu é empossado no cargo sem o apoio de um deputado. No que diz respeito à composição do novo governo as negociações aconteceram entre o governador Agnelo Queiroz e a presidência dos partidos políticos. O PHS, por exemplo, sustentou até o último minuto o meu nome para a Administração de São Sebastião, mas acabou perdendo força para os partidos com representação na Câmara Legislativa. Como o governo precisava do voto do deputado Agaciel Maia (PTC) para o deputado Cabo Patrício se eleger presidente da Câmara Legislativa, não foi difícil para ele colocar na mesa de negociação a Administração de São Sebastião, já que as lideranças políticas da cidade estavam em pé de guerra. Da parte do PT tinha o Albertino que não abria mão para o Chicão que por sua vez também não abria para o Albertino. O PSB defendeu o nome do Waldir Cordeiro e o Fórum das Entidades o nome da Socorro e do Gilberto. E todos eles não abriram mão de seus nomes para que eu pudesse ser o Administrador, mesmo sabendo que fui o mais bem votado da cidade para deputado distrital. Acredito que esse foi um dos principais motivos que levou o governador a optar por um nome de fora.
                                          
FOLHA-- Então, seu futuro político, como se define neste momento?

LIRA – Ainda estamos em negociação, a nível partidário, como todos os partidos estão negociando. É certo que terei o meu espaço, assim como a minha equipe que trabalhou – e muito – para dar a vitória ao governador Agnelo nestas eleições de 2010. Mas independentemente do resultado vou continuar lutando pelo desenvolvimento de São Sebastião.
                                                                                                                          
FOLHA – Como você viu e encarou as manifestações surgidas contra a indicação da nova administradora Janine Barbosa?

LIRA – Vivemos em um estado democrático e, dentro dos limites, todos têm direito de externar suas opiniões – favoráveis ou não – com relação aos atos dos nossos governantes. Pessoalmente, não me envolvi pelo simples motivo de não querer passar a idéia de que estava revoltado por não ter sido contemplado com o cargo. Porque uma coisa é você defender os interesses da cidade e outra coisa é você defender os seus próprios interesses. Com relação à manifestação em si, o que pude perceber foi pessoas brigando em causa própria, e esse tipo de coisa eu não faço! Por quê os líderes dessa manifestação não se uniram em defesa de São Sebastião antes? Com exceção do Waldir e da Tiana, todos eles apoiaram, nas últimas eleições, candidatos de fora. Se não fosse isso São Sebastião teria elegido o seu deputado distrital.

FOLHA – E com relação à nova administração, qual a sua posição?

LIRA – Como frisei, gostaria de administrar São Sebastião, até porque fui um dos que lutou para que chegássemos ao patamar que estamos hoje, com a criação da RA-XIV e tudo o mais. Tenho certeza que também outros nomes poderiam ter sido escolhidos... Mas, em nome da governabilidade, me sinto no dever cívico de ajudá-la no que for possível. Pois desejo a ela, Janine, tudo de bom e que realize um ótimo trabalho à frente da Administração da nossa cidade. Penso primeiro no bem-estar dos moradores de São Sebastião e deixo para segundo plano as minhas posições e pretensões político-pessoais de modo que a população não venha ser prejudicada.

Folha - Você acredita que entre os manifestantes existiam aqueles que não foram sinceros?
 
Exatamente!. Eu acredito que entre os manifestantes existiam pessoas com boas intenções e que, de fato, estavam pensando na cidade. Mas era uma minoria que só participaram da manifestação por desconhecimento da verdade. Elas foram usadas por aqueles que tinham interesse pessoal de assumir o cargo de administrador no lugar da Janine e de se projetar politicamente. Acreditem ou não mais já tinha pessoas dizendo que seria candidato em 2014 só porque tiveram os seus 15 segundos de fama na televisão. Se a manifestação em si fosse de cunho social e comunitário em prol de São Sebastião, como deram a entender, eu teria sido o primeiro a defende-la.. Acredito que depois de 25 anos nesta cidade eu tenha aprendido alguma coisa para saber diferenciar o certo do errado e não agir somente pela emoção. Quanto as pessoas que fazem parte da chamada “Frente Política de Defesa de São Sebastião” deveriam ter visto isso antes, e se elas realmente se importam com a cidade, como afirmam, não deveriam ter apoiado candidatos de fora para deputado distrital. Não fosse isso São Sebastião teria, hoje, o seu representante na Câmara Legislativa. Errar é humano, mas permanecer no erro, é burrice! Eu nunca disse que sou a favor da indicação de Agaciel Maia. Muito pelo o contrário. O fato de eu não ter sido indicado administrador não significa que eu tenha que sair por aí protestando e dando porrada em mundo como um revoltado. Política não é isso!

Folha - E com relação ao café da manhã promovido pela Janine na Administração?
Me posicionei contra a manifestação em si porque, a meu ver, foi oportunista e fora de hora. Tanto eu estava certo que a maioria das pessoas que estavam na manifestação voltaram à atrás e se calaram. Prova disso foi no café da manhã que a administradora Janine promoveu na última sexta-feira na Administração. Estavam lá, pasmem, o Chicão, Albertino, Waldir Cordeiro e diversos outros manifestantes que até poucos dias atrás estavam  revoltosos com a indicação de Agaciel Maia e, ao invés de criticar a nova Administradora, fizeram foi elogiá-la!. Daí eu pergunto: adiantou fazer tanto barulho?. As mesmas pessoas que estavam contra a indicação da Janine foram as mesmas que tomaram do café, do suco e comeram do bolo dela. Se eu estivesse no lugar delas eu não teria feito isso porque ficou feio! É aí quando falo que fazer política responsável não é sair por aí julgando e nem brigando com ninguém. É preciso diferenciar política da politicagem. Quanto ao fato de alguns cabos eleitorais meus terem participado da manifestação informo o seguinte: não sou didator. Essas pessoas são livres para opinar sobre qualquer assunto. Quem do meu grupo participou da manifestação participou por conta e risco porque não tiveram o meu apoio. Depois de saberem da minha posição, a maioria recuaram. As poucas que decidiram continuar na manifestação foi porque não faziam mais parte do meu grupo político.