21 de set. de 2012

Facebook desativa reconhecimento facial por privacidade

Fonte: Portal Terra
 
O Facebook adotou controles de privacidade mais severos, em grau suficiente para responder às preocupações da organização que regulamenta a companhia de redes sociais fora da América do Norte, o que elimina a possibilidade de uma contestação judicial imediata.

A maior rede social do mundo obtém a maior parte de seu faturamento com publicidade, mas precisa caminhar com cuidado ao fazer isso, para evitar causar aos seus 950 milhões de usuários a impressão de que está invadindo sua privacidade a fim de obter mais receita.

Em dezembro de 2011, a companhia foi informada pelo Data Protection Commissioner da Irlanda que teria de reformular suas normas de proteção a privacidade para usuários de fora dos Estados Unidos e Canadá, depois que uma investigação da organização constatou que suas normas eram complexas demais e que faltava transparência. A organização se declarou encorajada pela decisão de desativar uma tecnologia de reconhecimento facial para os novos usuários do Facebook na União Europeia, inicialmente, e para os demais usuários existentes a partir do mês que vem.

A agência irlandesa, que fiscaliza as atividades do Facebook porque a sede das atividades internacionais da companhia fica em Dublin, anunciou na sexta-feira que a maior parte de suas instruções haviam sido adotadas, e que haveria avanços quanto às demais nas próximas quatro semanas. "Esperamos que o progresso reportado na revisão tenha bastado para atender às diversas queixas que recebemos quanto ao Facebook Ireland", disse o comissário irlandês de proteção de dados, Billy Hawkes, em entrevista por telefone.

Queixas quanto à privacidade podem ser dispendiosas para sites de redes sociais como o Facebook, a primeira empresa norte-americana a abrir capital com valorização de mercado da ordem de mais de US$ 100 bilhões, em maio, antes que o preço das ações da empresa despencasse devido a incertezas quanto às suas perspectivas de negócios.

19 de set. de 2012

Internet pode diminuir a inteligência e a empatia, diz pesquisadora


REINALDO JOSÉ LOPES

EDITOR DE "CIÊNCIA+SAÚDE"

A neurocientista e baronesa britânica Susan Greenfield, 61, faz questão de ser uma voz dissonante em meio à empolgação de muita gente com o potencial das redes sociais e da internet.

Stuart Clarke - 3.jun.08/Rex Features
Susan Greenfield em Londres
Susan Greenfield em Londres
Para ela, há razões para acreditar que a vida virtual está criando uma geração de pessoas menos inteligentes e menos capazes de empatia --um ponto de vista que já lhe rendeu desafetos dentro e fora da comunidade científica.

A baronesa Greenfield, que leciona na Universidade de Oxford (Reino Unido), está no Brasil para o ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento. Sua conferência na Sala São Paulo, na capital paulista, acontece hoje. Confira abaixo trechos da entrevista que ela concedeu à Folha.

Folha - Como a sra. começou a se interessar pelo impacto das novas tecnologias sobre o cérebro humano?

Susan Greenfield - Comecei a discutir esse assunto em 2009, na Câmara dos Lordes [órgão do Parlamento britânico do qual ela faz parte], quando houve um debate sobre a regulação do uso da internet e possíveis efeitos nocivos de seu uso sobre crianças.

Como neurocientista, o que eu levei em consideração nesse debate é o fato de que o cérebro humano evoluiu para responder a estímulos muito diferentes dos que estão afetando o desenvolvimento das crianças de hoje. Isso não é um julgamento de valor, é apenas um fato. E, quando você olha a literatura científica recente, há sinais consideráveis de mudanças, embora obviamente precisemos de mais estudos para entender exatamente o que está acontecendo.

Sabemos, por exemplo, que o uso de redes sociais e de videogames pode ter efeitos bioquímicos muito parecidos com os do vício em drogas no cérebro. No ano passado, um trabalho com tomografias mostrou anormalidades estruturais ligadas a esse tipo de comportamento. Também há testes mostrando um aumento de problemas de compreensão verbal e um declínio na capacidade de empatia.

É claro que as pessoas podem dizer que se trata de uma correlação, que não necessariamente uma coisa causa a outra. É um argumento válido, mas também é o mesmo argumento que as pessoas usavam nos anos 1950 a respeito da relação entre fumo e câncer de pulmão --até os epidemiologistas mostrarem que a relação realmente envolvia uma causa e um efeito.


A sra. foi muito criticada por levantar essa hipótese. Esperava reações tão violentas?

Sim e não. Por um lado, é assim que a ciência funciona, as críticas são esperadas e necessárias. O problema é quando elas se tornam pessoais. Como se diz na Austrália, você tem de chutar a bola, e não o jogador. E, claro, muita gente está ganhando muito dinheiro com isso e não vai gostar se alguém como eu tenta estragar a festa (risos).



Também temos visto uma melhora constante nos níveis de QI no mundo todo nas últimas décadas. Isso não significaria que as mudanças tecnológicas também têm efeitos positivos sobre o cérebro?

De fato, há indícios de que o uso de videogames pode melhorar a memória de curto prazo e a agilidade mental, por exemplo. Isso é verdade, mas não acho que seja a história toda. Velocidade mental, capacidade de processar informações com rapidez, não é a mesma coisa que entendimento ou sabedoria. O que nós não estamos vendo, apesar dos avanços mensuráveis no QI, é um aumento dos insights sobre a condição humana ou da imaginação, por exemplo.


6 de set. de 2012

Para a magnata Rinehart, Austrália é muito cara para mineração



Por Damian Gill | Reuters 

A mulher mais rica da Ásia, a magnata Gina Rinehart, alertou nesta quarta-feira que a Austrália está se tornando muito cara para empresas de mineração.

Ela disse ainda que a indústria de mineração pode encontrar mão-de-obra muito mais barata na África. Os comentários de Rinehart, prontamente censurados pela primeira-ministra Julia Gillard, coincidem com a crescente preocupação com o boom de mineração da Austrália, diante da demanda mais fraca do principal consumidor, a China.

Além disso, os preços do minério de ferro estão em queda, atingindo o menor patamar em quase três anos. Na semana passada, a Fortescue Metals Group Ltd, da Austrália, disse que reduziria seu gasto de capital em 25 por cento e que recuaria nos planos de expansão, enquanto a BHP Billiton Ltd deixou de lado uma expansão em mina de cobre e ouro de 20 bilhões de dólares na Austrália, e colocou todas as outras aprovações ao redor do mundo em posição de espera.

"A evidência é indiscutível de que a Austrália está se tornando muito cara e muito pouco competitiva para realizar um negócio orientado para exportação", disse Rinehart ao Clube de Mineração de Sidney, em uma rara aparição pública.

"Os africanos querem trabalhar, e seus trabalhadores estão querendo trabalhar por menos de 2 dólares por dia", disse ela no vídeo. "Tais estatísticas me fazem ficar preocupada com o futuro deste país. "Estamos nos tornando um país de alto custo e alto risco para investimento."

Rinehart, cuja fortuna foi estimada pela revista Forbes em 18 bilhões de dólares em fevereiro, opõe-se à recente taxa de mineração introduzida, que criou tensões com o governo de Gillard.
Ela também pediu que as mineradoras permitam trazer trabalhadores de fora do país, e sua companhia, a Hancock Prospecting, recebeu aprovação do governo em maio para contratar 1.700 trabalhadores estrangeiros de construção, para o projeto Roy Hill, no Estado da Austrália Ocidental.

Gillard criticou as observações de Rinehart, dizendo que o setor de recursos estava indo bem e que possui um investimento de 500 bilhões de dólares, dos quais quase metade em estágio avançado. "Não é o jeito australiano balançar 2 dólares às pessoas, jogar uma moeda de ouro e pedir que eles trabalhem por um dia", disse Gillard aos jornalistas. "Nós apoiamos salários australianos adequados e condições decentes de trabalho."

As considerações de Rinehart são as mais recentes a ter a economia da Austrália como alvo.
Em uma coluna publicada na semana passada, em revista sobre mineração, Rinehart disse que os australianos precisam reclamar menos e trabalhar mais se quiserem ser ricos.

"Não há monopólio em se tornar um milionário. Se você é invejoso daqueles com mais dinheiro, não fique sentado reclamando, faça algo para fazer mais dinheiro você mesmo", escreveu ela na revista Australian Resources and Investment. "Gastar menos tempo bebendo, fumando e socializando e mais tempo trabalhando."

1 de set. de 2012

1º a pisar na Lua era proibido de pisar em Langholm




 Neil Armstrong recebe o título de "Freeman" na Escócia

Foto: Nasa

Falecido no dia 25 de agosto, aos 82 anos, o astronauta americano Neil Armstrong deixou o seu nome registrado na história ao se tornar o primeiro ser humano a pisar na Lua. Mas o homem que conquistou o solo lunar no dia 20 de julho de 1969 era, por lei, proibido de pisar no berço de seus ancestrais, em um vilarejo na Escócia.

Três anos após conquistar a Lua, o astronauta foi convidado para voltar as suas origens. No dia 11 de março de 1972, Neil Armstrong visitou Langholm, pequena cidade que possuía uma lei antiga condenando à forca qualquer pessoa com esse sobrenome encontrada no local. Em vez da execução pública, no entanto, o astronauta ganhou o título de "Freeman" (Homem livre), uma honraria inédita para o lugar, concedida em diversos países como reconhecimento por obras e realizações.

O clã

A pequena cidade de Langholm, conhecida popularmente como "Muckle Toon", fica no Distrito de Dumfries e Galloway, na Escócia, na fronteira com a Inglaterra. O lugar, que no ano 2000 tinha pouco mais de 2 mil habitantes, chegou a acolher em suas cercanias mais de 3 mil Armstrongs no passado.

De todas as famílias no sul da Escócia e norte da Inglaterra, o clã Armstrong era o mais temido. No período medieval, cavaleiros da família cobravam pedágio de quem passasse por suas terras e se bandeavam de lado a cada conflito bélico, ora defendendo a Escócia, ora lutando pela Inglaterra.

Por isso, a relação com os reis escoceses sempre foi turbulenta. Essa tensão culminou na morte do chefe do clã, John Armstrong, chamado também de Johnnie de Gilnockie, em 1530. O jovem Rei James V, com a intenção de silenciar os rebeldes da fronteira, convocou "Gilnockie" para uma reunião. No encontro, o rei ordenou que ele fosse enforcado, assim como seus asseclas. Era o início da queda do clã Armstrong.

A partir daquele momento, os Armstrong foram incluídos na lista de clãs escoceses rebeldes. Posteriormente, uma lei determinou que todo Armstrong encontrado na cidade deveria ser enforcado. Sem muitas opções, então, todos rumaram para longe, a maioria emigrando para os Estados Unidos e para a Inglaterra.

Cidade Natal

Centenas de anos depois, um Armstrong, natural de Wakaponeta, em Ohio (EUA), foi tão longe, que nunca mais será esquecido - especialmente pela terra que no passado expulsara seus antepassados. Após a Missão Apollo 11, que chegou à Lua, o conselho da cidade enviou para o Armstrong mais famoso do planeta um brasão da família e uma placa do distrito, marcando seus laços ancestrais com Langholm.

Ninguém esperava que o astronauta aceitaria o convite de visitar a cidade, mas as dúvidas se dissiparam no dia 11 de março de 1972. O herói americano passeou pelas ruas acompanhado de sua mulher, Janet. Oito mil pessoas, entre moradores e visitantes, escoceses e ingleses, se amontoaram para recebê-lo, aplaudi-lo e condecorá-lo. Todos seguiram em procissão até a Igreja Paroquial, onde foi realizada a cerimônia que concedeu ao astronauta o título de "Freeman".

Na Igreja, que hoje possui uma placa para marcar a ocasião, Armstrong foi agraciado com uma mensagem colocada dentro de uma caixa de nogueira, confeccionada à mão, no formato da fortaleza de Johnnie Armstrong. Depois de receber o presente, ele fez um juramento de lealdade como cidadão honorário e então assinou o documento para oficializar a honraria, segundo um jornal local chamado Eskdale & Liddesdale Advertiser.

"Sentimento genuíno"

"Este não é um dia para discursos, mas eu gostaria de indicar meu sincero prazer nesta honra única para mim. Meu prazer não é só que esta é a terra de Johnnie Armstrong, mas meu prazer está em saber que esta é a minha cidade natal e no sentimento genuíno que eu tenho entre estas colinas e entre essas pessoas", declarou Armstrong, após assinar o documento.

Aplaudido efusivamente pela plateia que assistia à cerimônia e pelas próprias autoridades presentes, Armstrong acrescentou: "É triste que o lugar mais difícil de se ser reconhecido seja em sua terra natal. E eu considero essa, agora, minha terra natal. Eu me sinto realmente em casa aqui e espero voltar."

O retorno

Quarenta anos depois, em 2012, houve o convite oficial para a volta, de acordo com a Câmara Municipal da cidade. Armstrong reiterou seu desejo de retornar, mas insistiu que não se fizesse um evento formal. Ele queria apenas matar a saudade de Langholm e visitar novamente suas origens, com a mesma discrição que marcou toda a sua trajetória pública.

Mas o desejo não se concretizou. Devido a complicações cardiovasculares, Neil Armstrong, homem livre de Langholm e o primeiro a pisar na Lua, deu o salto para a eternidade no dia 25 de agosto deste ano.